Tenho a vida...
⊆ domingo, julho 23, 2006 por GNM | Poesia . | ˜ 36 comentários »Tenho a vida atravessada de palavras.
Estou cansado de todas as
palavras que atracam às linhas do meu caderno.
Das obscuras, indecifráveis, abandonadas na lama.
Das frescas, vigorosas, fingidas a dois tempos.
Das odiosas, carnais, duras como pedras.
Desapareceram as borboletas do meu caleidoscópio poético.
Sempre as mesmas forças destruidoras
e as mesmas estrofes esfoladas e as mesmas paisagens ardidas.
E outra vez e outra e uma vez mais.
As palavras nascem-me gastas, enrugadas,
como o teu rosto quando já não te lembrares do meu nome.
Tudo é deserto, abafado, irrespirável,
mar infinito de areia fervente.
Tudo é gente arrastando-se
por montanhas de luto e vales de sombra.
Sejam palavras sólidas ou amargas,
sejam enevoadas ou melífluas,
estou farto.
Enjoei o alfabeto inteiro.
23/7/06 10:16 da tarde gostei de estar aqui....
jocas maradas de palavras
23/7/06 10:24 da tarde Mas não são apenas palavras... são reflexos de sentimentos em papel gravadas...
Beijo e boa semana
24/7/06 9:50 da manhã prefiro as palavras ao sil~encio, mas em dias de "trovoada" prefiro dizê-las baixinho: não vale a pena gerar trovões de medo!!
;)
24/7/06 10:21 da manhã 'Enjoei as palavras'...mais um poema em que mostras que as palavras são, precisamente, aquilo que te dá Vida! Belíssimo! O alfabeto está à tua mão para o utilizares desta maneira maravilhosa de sempre! Beijos.
24/7/06 12:23 da tarde Mais um lindo jogo de palavras. Aprecio a forma como brincas com elas e tal como aqui foi dito, o afabeto está a teus pés porque tu consegues dominá-lo na perfeição. Lindo!
24/7/06 10:38 da tarde O extremo desencanto do poeta perfeitamente retratado neste poema. Excelente!
Um beijo
25/7/06 1:53 da manhã Queria deixar-te um comentário e até já escrevi várias coisas...
Mas definitivamente hoje nada me soa bem.
Por isso olha, deixo-te um sorriso!
Beijinho grande!
25/7/06 3:07 da manhã Há momentos de exaustão e desgaste das palavras... por vezes, é preciso silenciar!
Só dp poderás reencontrar o gosto pelas letras postas em poema...
bjs
25/7/06 3:41 da manhã "As palavras nascem-me gastas, enrugadas,
Como o teu rosto quando já não te lembrares do meu nome."
As palavras que melhor reflectem o sentir, gastam-se quando quem o deve sentir, já não sente, porque deixou de ouvir, porque deixou de sorrir...e agora serão os actos suficientes para renovar, sem palavras, o que existiu?
25/7/06 10:45 da manhã Tem dias assim... Mas outros há em que as palavras são as pontes que nos unem.
São danadas, as palavras!
Um abraço.
25/7/06 3:28 da tarde Sejam palavras, nomes em fila, macerados pelo som, por tudo e por nada... e neste nada, encontro o teu que é o meu, este mundo literário, belo, profundo, cheio de tudo aquilo que desde todos os séculos procurei... apenas palavras, porque o resto não me pertence, nada mais me pertence, nem as interpretações que fazes de mim e as outras que ficam apenas no acto!
Gostava de te dizer algo mais belo, mas fico a anos de luz da beleza da tua escrita, do perfume dos sons e da cintilação de tudo o que nos toca, tal como a música que de cada vez enceta o perfil de um novo estado, talverz desta presença amarga e ultrapassada pelo tempo. Deixo-te um abraço, aquele que nunca te dei, o que não te posso dar... nada te posso dar, os deuses mataram-me a alma desde aquele dia, agora tenho um pedaço de seiva branca! Tu não entendes este desconcerto das palavras, elas são o meu alimento, a força da presença quando estou ausente. Gsoto do que escreves, voltarei um dia se a vida me permitir tal tal presença. O fogo continua a arder... desculpa, tenho de ir, está muito calor! Não posso esquecer de dizer-te que adoro o que escreves. Verdade... abraços ao centro da poesia, pela paixão da filosofia e da voz eterna. Até um dia, talvez até depois... olha até que seja possível derramar um pouco mais de mim.
Abraços para ti, Gonçalo. Jorge Ferro Rosa, do Caderno da Alma
25/7/06 8:59 da tarde podes ler um pedacinho mais!
;)
26/7/06 12:20 da tarde Por favor tira férias!!! Isso é cansaço ;) Vais ver que depois voltas a amar o teu abecedário...
Gostei deste teu poemas (as usual)
Beijos e se for acaso disso umas exelentes férias :D
26/7/06 1:22 da tarde Pois eu diria que não se nota nada.
Mas acredito em ti.
Acredito que está na hora de saires um pouco de ti mesmo, talvez possas ver o horizonte de uma outra perspectiva. Quem sabe. Nem tu sabes da força que de repente irrompe e te trás as palavras sábias com que sempre nos fazes abrir os olhos, nos fazes pensar.
Quase que me atrevia a fazer-te um convite mas
fica ao teu critério :-)
Um beijo enorme para ti amigo Gonçalo e sorri, sempre.
Nota: Em relação ao não ter medo de nada, quantas vezes tenho essa mesma sensação e não imaginas o quanto isso me assusta. Obrigada pelas tuas palavras.
26/7/06 3:56 da tarde Fabulosos os teus poemas!
Parabéns pelo livro.
Até sábado na Qta. da Ribeirinha?
Beijos, Betty
26/7/06 5:39 da tarde ... encontrarás um alfabeto alternativo!!! que eu sei
beijo :)
26/7/06 10:40 da tarde podes enjoar o que quiseres pois so estarás sem palavras qd as letras enjoarem de ti, e essas não sabem, não pensam , só são e por isso ... não enjoam!
depois do impossivel acontecer os poemas serão feitos de números ;)
27/7/06 4:33 da tarde O silêncio das palavras que não se ouvem, nem se dizem, porque não existem, para que haja paz...
:)
28/7/06 10:18 da tarde Há combinações realmente perfeitas.
Foi o que encontrei ao chegar cá hoje. O teu texto. A música. O momento. Foi perfeito.
Obrigada. :)))
Beijinhos ***
29/7/06 3:35 da tarde Bom fim de semana
:)
beijinhu
30/7/06 3:40 da tarde Só eu não enjoo de te ler ... :)
Palavras para quê, para quem? Sabes usá-las e expressas-te de forma tão magnífica, que dizer qualquer coisa sería estragar!
Beijo e sorriso para ti
1/8/06 12:17 da manhã Lindo poema. Gostei muito. :)
O problema das palavras é que é fácil esquecermo-nos de que são meros significantes... É fácil (quase tentador) convertê-las em significados, torná-las no centro quando deveriam ser sua simples representação.
Quando chego a este ponto normalmente refugio-me no silêncio. Permito-me ouvir o que se passa em mim, para lá da sua verbalização, para que possa redescobrir as verdades puras e intocadas pelo racional...
Bjs,
A.
PS - Ainda não tive oportunidade de o dizer, acho eu: muitos parabéns pelo "Nada em 53 vezes"! Andei em busca dele pelo Chiado, mas disseram-me que só em Cascais..
1/8/06 8:27 da manhã Enjoei as palavras!!!
Não!!!
As palavras são tudo o que lhe queremos transmitir, e aqui, notei sentimentos em palavras...
Enjoei as palavras!!!
Talvez um desencanto de momentos, talvez e só isso....
1/8/06 4:11 da tarde Faço tuas as minhas palavras revi-me incondicionalmente nelas!!!!
Beijos em 53 vezes de Magia
2/8/06 10:39 da tarde Por vezes as palavras transformam-se em inconveniências e saturações, talvez porque a fala e a presença amiga do outro em pessoa física, não existam. Tudo de bom e boas férias se for caso disso.
3/8/06 12:05 da manhã Enjoa o alfabeto mas não enjoe da blogosfera!
Abraços
3/8/06 11:35 da manhã Então não digas nada!
4/8/06 4:04 da tarde Há dias assim...mas depois da tempestade vem a bonança. Grande abraço
6/8/06 7:53 da manhã Gostei de ler.
7/8/06 1:19 da tarde owwa :o)
simplesmente windo :o)
cai aqui sem querer e voltarei mais vezes :o)
**(+_+)**
Anjinha
7/8/06 5:20 da tarde Alguém disse q as palavras é um ser mais no mundo. Estou grato de cá voltar e ler a sua bela poesia meu bom amigo.
7/8/06 11:40 da tarde Fiquei com calor depois de ler este poema. Sufocante!
7/8/06 11:40 da tarde Fiquei com calor depois de ler este poema. Sufocante!
8/8/06 3:04 da tarde Caro Gonçalo, porque são as palavras um sufoco para ti? Porque estás farto delas se são elas que te dão estes inúmeros fãs? O que seria o mundo sem o alfabeto, sem as palavras... não seriamos ninguém. O mundo ficaria mais pobre, principalmente porque não escreverias mais poemas.
Desta vez deixaste-nos com uma veia poética realmente sufocante e pessimista... mas não deixa de ter o encanto de um poema teu.
Beijinho,
Kita
9/8/06 9:27 da manhã Bom dia!!!!
...o enjoo dura ha demasiado tempo!... espero que se deva apenas a uma gestacao poetica e que a tua ausencia seja compensada por mais um mimo destes!
Bjico!
11/8/06 4:34 da tarde ...sabes que sempre adorei esta música,não sabes?já te tinha dito Gonçalo Nuno?tenho a certeza que sim.Sempre a a ouço lembro-me de ti.Voltei ontem Gonçalo.
Onde estás...na Fnac??
Saudades tuas.e esta música
deixa-me triste...porque te
sinto assim.Diz-me só se estás bem.
Um beijo meu G.Nuno.