Não sei o que queres dizer com glória, disse Alice.
Humpty-Dumpty sorriu, com desprezo. Claro que não, até que eu te diga. Quero dizer "aí tens um belo argumento que te arruma!"
Mas "glória" não significa um belo argumento que te arruma
, objectou Alice.
Quando eu uso uma palavra, disse Humpty-Dumpty, em tom de escárnio, ela significa o que eu decidir que significa, nem mais nem menos.
O problema é, disse Alice, se se pode obrigar as palavras a significar tantas coisas diferentes.
O problema é, disse Humpty-Dumpty, quem manda. Apenas isso.

Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas




rascunhos
de
abordagens
(eventualmente)
literárias



GNM


Nasci muito perto do fim dos anos 70. O meu nascimento aconteceu às primeiras horas de um dia gelado de Dezembro, e, desde aí, jamais consegui libertar-me do frio que se fazia sentir naquele dia. A normalidade foi algo que durante toda a vida inconscientemente ansiei, mas sempre recusei. Em criança ela espreitava-me durante a noite, olhando-me do lado de fora da janela. E eu, fingindo não a ver, fechava as cortinas...

Das recordações, pouco me resta...

⊆ domingo, setembro 14, 2008 por GNM | . | ˜ 6 comentários »

Das recordações, pouco me resta.
Laqueei todos os pensamentos
enquanto sofucava a boca com as
mãos para não gritar de dor.
Insuportável.

Há ruas que evito.
Há restaurantes, bares, museus...
onde não tenciono mais voltar.
São lugares que me esmagam só por
ter sido contigo que os visitei pela
primeira vez.

Lembro-me de tantas coisas.
Lembras-me tantas coisas.
Lembras-me coisas que acreditava
já ter conseguido esquecer.

Que ninguém me incomode, hoje à noite.
Estou a esquecer-me de ti.
Todo o esforço é pouco, toda
a força não basta.

Como se esquecer-te fosse a
única forma de me reaver por inteiro.

A vida constrói-se para além da nossa vontade.