Mas há sempre...
⊆ quinta-feira, junho 22, 2006 por GNM | Prosa . | ˜ 44 comentários »Mas há sempre um dia em que as nossas profundas ilusões estilhaçam como cristal ao fogo. Um dia em que toda a nossa pequenez, toda a nossa pueril ingenuidade vem à tona. Um dia em que, repentinamente, tudo muda sem aviso prévio. E os nosso olhos esvaziam-se como a maré, perdem-se as ondas, desaparecem os barcos, escondem-se os peixes… E no final resta apenas um deserto, onde o tempo, lento, nos submete a uma tortura lancinante.
(...)
Onde estou? Por que é que esta gravura impressionista, desenhada pelo bolor entranhado nos resquícios do estuque, não pára de rodopiar sobre os meus olhos? Bem no centro deste tecto está uma lâmpada cilíndrica, que me ilumina com uma luz amarelecida; não cessando de me fitar desafiante, como se estivesse a troçar da minha tentativa falhada de fundir as mil lâmpadas do quotidiano.
Lembro-me de engolir duas caixas de comprimidos, não com a fúria vulcânica de uma suicida, mas com a elegância de uma princesa que sorve um banquete com talheres de prata. Um a um, saboreei-os com volúpia majestosa, até sentir uma tempestade levantar-se nas esquinas do meu estômago e, finalmente, atravessada por uma íntima satisfação, cedi ao peso das pálpebras.
(...)
Tenho o coração desmoronado, como uma casa em ruínas. Vivo num intervalo de tempo irreal. Esse intervalo persegue-me loucamente: É a soma das horas em que cheguei cedo demais à vida de alguém, multiplicada pelas horas que cheguei atrasada.
Se não me mataram os comprimidos, mata-me este silêncio pálido. Sempre detestei estes silêncios vazios, tão cheios de tudo o que está por dizer. Mas agora é tarde demais para dizer o que quer que seja. Tudo vai ficar guardado dentro de mim para sempre, não sou mais que um cofre de ilusões falhadas. A maior delas foi acreditar que o amor é não apenas uma verdade, mas a verdade. Não há verdade nenhuma no amor, é apenas uma ilusão que passa, como um poema ou uma musica que nos envolve, e nos faz crer que somos únicos no mundo; depois, desaparece como o fumo deste cigarro, mas tudo o resto fica, sempre fica…
Excerto de um conto
23/6/06 12:02 da manhã Gosto tanto de te ler Gonçalo... De te ouvir, de te sentir perto... Só por seres tu...
Beijinho grande para ti
23/6/06 12:14 da manhã GNM,
Somos todos iguais. Buscamos as mesmas coisas. É incrível como tantas vezes nos camuflamos de baixo duma capa que não deixa que ninguém nos veja realmente.
Procuramos as estrelas, mas não vemos o céu. Queremos conhecer o universo, quando nem nos conhecemos a nós próprios.
As coisas não fazem sentido, e então tentamos descrever o que nos vai na alma, mas apesar disso, não saímos da roda das coisas fúteis em que estamos metidos.
Será assim tão difícil encontrar a nossa verdadeira natureza?
Gostei de te ler.
Abraço.
23/6/06 9:24 da manhã Já tinhas publicado outros excertos, mas só agora me lembrei de perguntar: tens outro livro para além do "Nada em 53 vezes"? "Até ao fim"... bem, fiquei com vontade de comprar. :) Queria dizer-te que ontem passei na Fnac de Coimbra, perguntei pelo teu livro "Nada em 53 vezes" e não tinham! Disseram-me que tinha sido lançado na Fnac de cascais (grande novidade) e quando perguntei se ele viria para a Fnac de Coimbra, disseram-me que não... :/
Só vai estar à venda para esses lados? Como tinhas dito que ele iria estar à venda na Fnac de todo o país, fiquei a pensar que o encontraria aqui. Como faço agora?... Já agora, o "Até ao Fim" também só se encontra aí?
Quanto a este texto, belo como sempre. Tens palavras de vida... quando tudo neste texto parece levar à morte, à perdição do ser.
Um beijinho.
Kita
23/6/06 9:55 da manhã Repito-me. Não posso deixar de me repetir. Como escreves tão bem...Lindo. Maravilhoso. Belo. Sublime. Sei lá! Beijinhos.
23/6/06 10:42 da manhã Li e apreciei. Muito.
23/6/06 11:33 da manhã Um beijo carinhoso
23/6/06 11:57 da manhã Confesso que me identifico muito com estas palavras, e acho no mínimo, estranho (mas bom), que uma pessoa que nem conheço, consiga estar tão perto, mais ainda, que outras pessoas que conheço desde sempre.
Interrogo-me será que algum dia, ou nalgum momento, conhecemos verdadeiramente, alguém?
Por breves instantes, julgo que sim, e para sempre é tão longínquo.
Beijo e sorriso para ti
23/6/06 12:24 da tarde N sabes como fiquei triste por ter faltado ao meu compromisso contigo num dia tao importante para ti, mas infelizmente foi por falecimento de alguem da familia e por ter a minha afilhada hospitalizada tb.. Peço desculpa e espero q haja uma outra oportunidade de nos vermos.. Um beijo enorme e parabéns! Andrye*
23/6/06 2:23 da tarde "
ouçam
na plenitude dos tímpanos,
sem quebras de escuta,
ouçam bem
a voz que vos chega erguida
nos parãmetros do silêncio.
sintam-na
que no ar paira
brotando num gemido,
exalando numa súplica,
pugnando em prece pela ousadia.
eis o desafio
pulsem
para lá do bafo
em cada simples respiro,
para que vivam a liberdade.
para que finalmente vivos,
ousem sonhar!
"
JAS
Felicitações pela obra publicada e votos de um mundo inteiro!
23/6/06 3:22 da tarde "É a soma das horas em que cheguei cedo demais à vida de alguém, multiplicada pelas horas que cheguei atrasada."
Eu e eu e eu...
Beijinho grande para ti
23/6/06 4:38 da tarde Texto forte e muitíssimo bem escrito! Adorei lê-lo.
Um beijo
23/6/06 7:30 da tarde se tivesse que te pintar num quadro dos meus, pintar-te ia de de cores fortes, algures num reboliço dentro do mar...
...sempre genial...
23/6/06 10:23 da tarde Sempre as palavras arrancadas aí de dentro ...
Também há sempre o dia em que regressamos de vez. Faltam-me apenas 2 meses de palavras dispersas para as ter todas de volta. E nao me esqueço do teu mail nos dias a seguir.
Gostei muito da reportagem fotográfica. Estavas feliz. Deu para sentir. Mereces. Se mereces.
Ainda por cima és giro ! :))))
Gonçalo, vou uns dias para fora, fica bem. Um beijo para ti. Obrigada por tudo.
24/6/06 12:46 da manhã Gonçalo
Belíssimo o teu texto.
"Tenho o coração desmoronado, como uma casa em ruínas. Vivo num intervalo de tempo irreal. Esse intervalo persegue-me loucamente":
(Já encomendei o teu livro)
Beijinhos
BomFsemana
24/6/06 5:29 da manhã Belíssimo texto...poema...querido...mas o amor e o poema não passam...é ilusão...eles ficam gravados no inconsciente íntimo e coletivo...e continuam seu ciclo...beijo marcado...
24/6/06 12:09 da tarde Gonçalo na continuação do outro que li , continuas com a tua bela escrita, o texto é tão forte e ao mesmo tempo maravilhoso, ler,te é sempre um privilegio,
és poeta por inteiro
um mundo de palavras sentidas, na emoção onde o sinal de vida se encontra
gosto de te ler e muito, ponto final!
Um beijo meu querido amigo poeta
lena
24/6/06 4:59 da tarde meu querido gonçalo,
como dizes, há um dia em que as nossas ilusões ( ou sonhos ) se estilhaçam, restando-nos apenas um deserto, ou um mar imenso pela frente...
tal como dizes, são horríveis os silêncios vazios, tão cheios de tudo o que está por dizer...
se há tanto que dizer, porquê tanto silêncio?!?
um beijo doce poeta,
justine
24/6/06 9:27 da tarde Fiquei com vontade de ler mais...parece que está esgotado...boaaa!!!
Escrevi sobre o Amor (também..)...um presente para o meu namorado :)) Aparece* bjs
25/6/06 12:04 da manhã hà sempre algo que fica... sempre fica...
sim...
Beijos e bom domingo
25/6/06 3:48 da manhã Tive pena de não ter ido ai acima. MAs tive um acidente no dia anterior...
Gosto de te ler
beijo meu
Lúcia
25/6/06 4:24 da manhã A música que puseste aqui embalou-me para te ler. Tu sabes. Estas linhas que estão aqui "vendem", pois estão construídas por forma a chegar ao coração dos leitores. Tu sabes também... e deixo-te aqui o meu apoio. Tu sabes.
:)
25/6/06 3:06 da tarde Gonçalo,
posso dar-te os parabéns, mas não posso dizer-te a dimensão do reflexo que este texto tem para mim!!! É LINDO!
Queria também dizer-te que por razões que estão explicadas no link que aqui tens, estou neste momento, noutro blog, para o qual te deixo já direccionado.
Gostaria muito de continuar com a tua companhia.
Beijinhos.
25/6/06 3:41 da tarde Só te posso dizer que gosto tanto da tua prosa como da poesia. Ou seja: muito!
Beijos
25/6/06 4:05 da tarde Preparas outro livro? Espero bem que sim, porque gostei m,uito do teu registo de prosa.
Beijos
25/6/06 5:51 da tarde Querido Gonçalo,
Nem imaginas como lamento não ter estado presente no dia 16! Sobretudo porque se deveu apenas a esquecimento !!! Não me perdoo. Mas sei que tiveste contigo muitos e muitos amigos e admiradores. Vi as fotos do Ognid, no Catedral. Agora quero comprar o livro. Irei passar pela Fnac.
Tens uma belíssima prosa.
Repleta de sentimentos e emoções.
Beijinhos
25/6/06 8:00 da tarde Gonçalo, tens na realidade uma sensibilidade linda e pões em sons de grafia feitos, os teus afectos!
Este tema dos Garbage "Til I die" é-me profundamente querido!
Ligado à minha íntima memória em país frio do norte... só ele me dava aconchego nas noites ventosas e hostis ligando-me a um ser sensível!Uma grande nostalgia se apossou de mim, ao entrar no teu espaço hoje!
Há mais ilusão no amor do que na poesia e na musica... nestas, nos revemos e para sp permanecemos ligados!
Gostei muito do excerto aqui publicado! Fico a aguardar outros...
nota: como sabes, Vergílio Ferreira tem um livro com esse mm título (embora em minusculas).
25/6/06 10:38 da tarde E o que realmente é importante?
aquilo que no fim...sempre fica.
fico por aqui.por ti.
Meu bonito Gonçalo Nuno.
26/6/06 1:45 da manhã Gonçalo, pensei q soubesses :(
26/6/06 10:42 da manhã bom dia, gonçalo,
adorei este excerto, gostava de ler o texto completo, onde posso encontrá-lo, por favor?
um beijinho para ti
alice
26/6/06 1:11 da tarde "É a soma das horas em que cheguei cedo demais à vida de alguém, multiplicada pelas horas que cheguei atrasada."
(...)
às vezes lemo-nos nos outros... outras gostavamos de ter sido nós a juntar as palavras em determiada ordem...
o amor. o amor generalista, o amor como forma de tratar o mundo e o que nos rodeia, só pode ser a verdade.
o amor homem mulher, esse sim, encobre não a mentira (e sim, também a há, e muito) mas o medo. medo de ficar só. e o interesse (seja de que ordem for)
que bom quem pode dizer o contrário.
obrigada pela passadeira vermelha...
26/6/06 5:23 da tarde Apenas um Excerto, porque...nunca é tarde. Pelo menos quero pensar assim. Boa semana e um grande abraço.
26/6/06 7:00 da tarde Caro Amigo Gonçalo,
E tantas vezes esse momento de desespero, em que não venos nenhuma saída, é o tal momento importante na nossa vida!... É aí que tantas vezes se abre um clarão iluminado quando a nossa mente faz silêncio, nem que seja à força, por não encontrar nenhuma saída para o que quer encontrar...
E.... de repente...zás... eis a solução encontrada e sem se saber de onde vem...
Procuras tantas vezes fora de ti
A porta estreita por onde passar
Estás cansado(a) de estares aqui
Já nada faz sentido! Para onde olhar?
E dás tantas voltas sem a solução
Perdes-te de ti mesmo como um cego
Não vendo que dentro do teu coração
Está TUDO! E abre-se uma Luz, não nego!
E o que não se via, agora aparece
E o Sol, antes encoberto, já brilha
Faz sentido, agora, tudo o que acontece
Aparece o reino da grande maravilha
Flutuas nesse espaço que é só teu
Inundas teu corpo e mente de alegria
Como que por magia levanta-se o véu!
Porque será que antes não se via?
Parabéns pelo texto e pela força que dele emana.
Envio um grande abraço amigo
José António
26/6/06 9:31 da tarde Olá Gonçalo,
Que hei-de escrever?!...digo-te apenas não sei comentar poesia, poderia fazer um ensaio com a parte final do teu texto, mas não seriam mais que palavras preenchidas de nada, e com o tudo por contar…
Apetece-me comentar “Matem os Poetas”
….Apertem o gatilho e calem-nos para sempre!
Para bem do mundo,
Procurem a alcateia de mulheres e homens que inventaram a poesia.
É preciso encontra-los antes que seja tarde….
Gonçalo Nuno Martins, in NADA em 53 vezes,
Estou a beber em diferentes estados de espírito do teu livro,
Um beijo com carinho
26/6/06 10:32 da tarde Seja em poesia ou em prosa, tu és impressinante... em vários sentidos...
Bj doce
26/6/06 10:33 da tarde * impressionante...
- o erro deve-se a andar cvom o olhar por outras paisagens do teu blog...
26/6/06 10:33 da tarde Outro erro...
onde se lê «cvom»... deve ler-se «com» :-)
Isto hoje está mesmo mal...
27/6/06 12:41 da manhã Ai esse romance....quero quero!!!!!!
Beijo grande
Amanha encontramo-nos no nosso palácios para nos escrevermos?
beijo meu menino
27/6/06 7:00 da tarde Pouquíssimas vezes li algo tão profundo!
27/6/06 11:10 da tarde Um texto com uma força extraordinária!!! Gostei muito...e a musica é deliciosa :D
Beijos (recatados) da Princesa
28/6/06 1:27 da tarde um beijo
28/6/06 1:27 da tarde um beijo
28/6/06 3:18 da tarde Gostei destes excertos.
Não é nenhuma novidade se te disser que escreves muito bem.
A verdade no amor, ou a falta dela, não será um valor sobre o qual se possam gerar consensos.
No entanto eu acho que, no essencial, cada um tem a sua verdade acerca da verdade do amor, a qual decorrerá da sua própria experiência sentimental.
Um abraço.
30/6/06 9:10 da tarde Irei comprar....sem duvida que irei...
Porto não é assim tão perto, espero um convite no lançamento mais proximo de Lx.
Beijo
25/4/07 4:32 da manhã What a great site diet pill Nankang tires performance review Zoloft liver the and Laser hair removal honolulu Dodge trucks fuel tanks celexa price Pda belt clip http://www.laptop-apple.info Sanabelt pants guide loss product weight business card Yukon custom leather gucci seat cover upholstery 1966 1967 pontiac gto for sale